sábado, 22 de dezembro de 2012

Carta suicida


Ovelhas 

É triste viver. É triste olhar ao redor e ver que tudo o que fazemos é para obedecer um sistema. Não fazemos nada por conta, temos apenas uma pseudo-liberdade, vivemos sob leis que não favorecem a ninguém, somos apenas ovelhas. Ovelhas de um sistema que nunca vai acabar ou morrer, assim como eu. Não é um problema só do nosso país, é um problema de PESSOAS.
Meu amor, me perdoa por isso. Eu te amo como nunca amaria mais ninguém, nosso relacionamento não é bem visto, o homossexualismo jamais será aceito, o preconceito sempre prevalece. Me sufoca o fato de não poder andar de mãos dadas na rua em paz. Eu te amo, te amo e te amo. A mãe ainda vai te conhecer, e saber que tem um coração bom, coração que me deu esperança no mundo as vezes, pena que todos não são como você… Você fez cada minuto da minha vida valer a pena. Não se sinta culpada por nada, eu estou bem.
Pai, você é importante pra mim. Cada risada, cada tirada por causa de nossos times de futebol. Quando criança, que todos comentavam a nossa união. Eu amo você, embora nunca tenha falado assim, por sermos durões. 
Mãe, só faço isso chorando por você. Melhor pessoa que pode existir, coração sem tamanho, bondade também. Eu te amo, você não é culpada por isso, ninguém é. Saiba que com minha morte muita coisa virá a tona. Tudo o que omiti de você foi para seu bem. Não queria te ver triste por conta de minha condição, tente me compreender e por favor, não me julgue muito menos a mulher que eu amo.
Ao mundo eu digo adeus. É triste perder essa batalha, mas o desfecho seria o mesmo. O mundo sempre ganha, e as ovelhas morrem.

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